Mário de Carvalho nasceu em Lisboa em 1944. Licenciou-se em Direito e viu o serviço militar interrompido pela prisão. Desde muito cedo esteve ligado aos meios da resistência contra o salazarismo, acompanhando de perto a crise académica de 1962. Em 1969 concluiu a licenciatura em Direito na Universidade de Lisboa e, durante o serviço militar, foi preso pela PIDE, tendo sido sujeito a 11 dias de privação do sono. Em 1973, quando saiu em liberdade condicional decidiu exilar-se em Paris, viajando depois para a Suécia, onde permaneceu até à Revolução do 25 de Abril de 1974.
Regressou a Portugal e exerceu advocacia em Lisboa, conciliando-a com a escrita. Desde então, tem praticado diversos géneros literários – romance, novela, conto, ensaio e teatro –, percorrendo várias épocas e ambientes. Nas diversas modalidades de Romance, Conto e Teatro, foram atribuídos a Mário de Carvalho os prémios literários portugueses mais prestigiados. Os seus livros encontram-se traduzidos em várias línguas.
Obras como Os Alferes, A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho, Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde, O Varandim seguido de Ocaso em Carvangel, A Liberdade de Pátio ou Ronda das Mil Belas em Frol, Casos do Beco das Sardinheiras são a comprovação da sua extrema versatilidade.
A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho, conto recomendado pelo PNL para os alunos do 3º ciclo, reflete a sua narrativa fantástica e surpreendente.
A deusa Clio adormeceu e trocou os fios no seu tear, “amalgamaram-se então as datas de 4 de Junho de 1148 e de 29 de Setembro de 1984.” É então que, nessa normal avenida de Lisboa, os automobilistas se deparam com um exército almoada do séc. XII. A surpresa é mútua e as peripécias sucedem-se...
Numa escrita sedutora, rica de vocabulário e sentidos, Mário de Carvalho chama a atenção do leitor para a estrutura histórica de Portugal que deu origem à miscigenação, à mistura de várias civilizações e culturas, de modo que cada um de nós é mais do que ele próprio, porque tem atrás de si uma herança histórica.