Pires, José Cardoso (1925-1998)
Este livro beneficiou de um acontecimento inédito, relatado no Catálogo da Exposição de Livros Proibidos durante o Estado Novo:
“Um dos casos mais extraordinários deu-se com o Dinossauro Excelentíssimo de J. Cardoso Pires. O livro acabara de sair e o deputado da «ala liberal» Miller Guerra afirmou na Assembleia Nacional que não havia liberdade em Portugal. Para o contrariar, o deputado Casal-Ribeiro (ultraconservador) perguntou-lhe, precipitadamente:
«V. Exa. falou no falso conceito de liberdade. E eu pergunto o seguinte: V. Exa. quer mais liberdade do que aquela que nós vivemos neste momento, quando se permite, por exemplo, a saída de um livro ignóbil chamado Dinossauro Excelentíssimo?» (Diário da Sessões, n.º 201, 29 nov. 1972, p. 3960–3961).
Apontado estupidamente como um exemplo da liberdade, a Censura ficou sem capacidade de atuar, em relação ao livro e ao seu autor. E foi um verdadeiro sucesso, com seis edições em 1972–1973.”
https://www.uc.pt/bguc/atividades/livros-proibidos-durante-o-estado-novo/ (consultada em 06/03/2024)
Classificado pelo autor como “Fábula”, o Dinossauro Excelentíssimo é uma sátira em que, através do humor e do uso da ironia, expõe a situação política e social vivida na época. Torna-se evidente para o leitor a semelhança entre a vida do imperador Dinossauro no Reino dos Mexilhões e a de António de Oliveira Salazar, ditador que governou durante a maioria dos anos que durou o chamado Estado Novo.